terça-feira, 21 de outubro de 2014

Outubro Rosa: Filha de uma mãe com câncer de mama




Oi meninas...
Acho que eu deveria muito falar sobre esse assunto. Confesso que pensei muito, queria gravar um vídeo, depois desisti, mas resolvi escrever mesmo. Quem tiver um tempinho, pára pra ler que vale a pena.
Algumas devem saber que minha mãe está com câncer de mama. Por isso minhas postagens um tanto pobres, a falta de posts, meu desânimo, ausência... Não sei dizer se o diagnóstico da minha mãe foi precoce ou tardio, mas não foi por falta de informação.
Minha mãe encontrou um caroço debaixo do seio. Parecia um furúnculo. Ela foi a ginecologista, ela examinou e disse que o caso não era com ela. Que procurasse um dermatologista, pois era algo na pele. Assim ela fez, foi até a minha dermatologista, que quando examinou e apertou, saiu uma secreção. A dra disse se tratar de um cisto sebáceo, que era pra marcar e retiraria o cisto. Ok, tudo simples, fácil e tranquilo.
Mamy poderosa foi, e quando a dermato abriu, ela logo fez uma cara estranha e comentou algo que minha mãe não entendeu. Pediu que ela estendesse a mão, colocou uma luva e pediu que ela tocasse: estava bem duro no local. Uma biópsia foi feita e dias depois ligaram do consultório aqui pra casa e pediram que ela fosse até lá. O resultado deu maligno, e que minha mãe procurasse um oncologista.
Então nossa novela começou a começar. Digo nossa, porque se torna algo que envolve todo mundo a volta. A oncologista disse: "Tá deu maligno. Mas maligno o que? Esse exame não tá me explicando nada. Ele tem que dizer o que tá maligno, não dizer só que é". Daí foram meses em briga com o laboratório pra devolver o material do exame, 5 mamografias, ultrassonografias, cintilografia, tomografia, exames de sangue... Nenhum dos exames mostrava alguma coisa. Afirmavam que tinha algo diferenciado, mas não o que. E a dra batia na tecla: "Eu não posso dizer que a senhora tem câncer, se não aparece nenhum tumor, mas também não posso dizer que não tem nada, pois tem algo diferenciado". O jeito era operar.
Pra operar, mais um capítulo. O plano de saúde não cobria a cirurgia e nem o tratamento. Na verdade, só cobria parte dele. Minha foi para o público. Não teve QI, nada disso. Foi pra fila mesmo. Aí dizemos que Deus estava no controle. Pois em uns 6 meses ela operou. Mas conhecemos muitas pessoas que se tratam com ela, que esperaram muito tempo na fila.
Só foi descoberto o nódulo, quando um dia antes da cirurgia, ela fez um exame que tomava uma injeção no mamilo e depois fazia uma cintilografia. Aí encontraram: estava abaixo do peito. Não era dentro.
A cirurgia foi um sucesso, ela não perdeu o seio e ficou com pouca diferença entre um e outro. A axila direita teve que ser "esvaziada", com isso seu braço perdeu as defesas. Não pode tomar injeção, nem medir pressão e nem machucar esse braço nunca mais. E dependendo do esforço que faça, incha e não volta pro lugar. Só pode medir temperatura com termômetro.
Depois de quase um mês de espera o resultado saiu. Era câncer. E só havia atingido uma glândula da axila. Nós temos um total de 17.
Em março desse ano ela começou a quimioterapia. Foram 8 sessões, que terminaram em setembro. Foram 4 vermelhas, que é a mais forte e 4 brancas que é a mais fraca. Depois da quinta, que foi a primeira branca ela terre uma reação terrível que desmaiou no banheiro. Foi o pior momento pra mim. Ela não teve aquela coisa toda que as pessoas comentam de vomitar, passar mal, ficar de cama. Ela tinha sim dor de barriga, mas nunca no dia da químio. Aliás ela ia e voltava de ônibus. Isso prova que alguém com câncer não é inválido. Tem quem fique bem debilitado. Vimos muitos casos assim. Pessoas que precisaram parar o tratamento porque o organismo não aguentou.
Ela perdeu os cabelos. Está carequinha. Ela odeia isso. E odeia usar lenço. Reclama demais. Diz que de tudo o que mais incomoda é o lenço na cabeça. Suas unhas estão enormes e duras, mas pretas parecendo sangue pisado. Sua pele que já é seca ressecou demais. As pernas chegavam a descascar como quando se pega muito sol. A palma da mão e sola do pé escureceram como se estivessem sujas de terra. A língua perde muito o paladar, sente-se muito frio, e o emocional nem se fala. Muitas dessas coisas ninguém sabia que acontecia.
Ela enfrentou tudo de cabeça erguida, com muita fé, e eu creio na sua cura. Ainda tem acompanhamentos, uma vez por mês ela toma uma injeção na veia pra evitar metástase e vai fazer radioterapia.

Eu como filha única, me vi num beco sem saída. Enquanto não saía a biópsia eu acreditava que não ia ser. Mas quando soube que era, me desesperei, claro, mas a postura dela foi tão boa que me manteve no prumo.
Sofro de síndrome do pânico e depressão, pensei que eu fosse morrer de vez, mas nunca fui tão forte na vida. Eu só tinha duas opções: ser forte ou ser forte. Nos momentos de crise eu aguentava firme, mas quando passava eu caía de cama. Foram crises de gastrite, nervoso, desespero, choro, mas suportei.
Tem pessoas que se aproximam pra apoiar, tem pessoas que querem saber pra fofocar. Muitos se preocupavam como eu estava aguentando, muitos me criticavam por tratar minha mãe como antes. Mas pra mim ela só estava doente, não inválida. E como sempre foi alguém super independente, ser tratada como inútil seria pior.
Me surpreendi com a minha força, minha garra, tudo que suportei. Parei de me ver como menininha bibelô e virei uma mulher maravilha. Fraquejei muitas vezes sim, queria abrir o portão, sair e não voltar mais. Muitas vezes estive sozinha, esperei apoio de quem não tive e encontrei apoio em quem eu menos esperava. É um daqueles casos de no momento difícil você enxerga quem é quem.

Bom, espero que meu relato sirva de alerta, ajuda e informação pra todo mundo. Tem quem morra de câncer, mas ele tem cura sim. E quanto mais cedo for diagnosticado maior são as chances de um tratamento bem sucedido.

P.S.: Não postei foto de mamys, porque ela não gosta de aparecer, ainda mais careca. E a exibida aqui de casa sou eu hahahaha

xoxo

1 comentários:

Amanda disse...

Incrível, parabéns pela sua força, imagino como deve ter sido difícil.
Muita saúde pra sua mãezinha daqui pra frente. Bjimm

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Para honra e glória.

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